FISSURA
Às vezes o mundo conforme conhecemos, desaba.
Simples e sem aviso prévio, ele desmorona.
As rachaduras que precedem são imperceptíveis.
Quando me vi aos cacos, pude lembrar de cada uma delas, o que as fez irromper e me assustei.
Sempre estiveram lá e nunca aprendi a vê-las.
Aos cacos, quebrada e desolada eu consegui ter clareza.
Mas ninguém me viu todas as vezes que eu gritei, sob cada rachadura.
Ninguém é ensinado a ver.
Nos cacos me encontrei.
Me vi em cada pedaço e me reconheci.
Me vi através de cada mísera lasca do meu mundo.
E eu tive coragem de criar um novo.
Pedaços se encaixam e tudo faz sentido.
Por mais difícil que seja encarar esse desafio, por pior que seja visitar o passado e por mais que cada dor venha à tona, vale a pena.
Viver vale a pena.
E eu digo, depois de desistir tantas vezes e falhar, agora faz sentido.
Viver faz sentido e não importa o que façam ou digam, eu vou viver.
Transformar dor em impulso dói e não é pouco.
Não há beleza em querer ir embora, em abrir mão da própria vida.
Mas é o que querem e acredite: querem.
Querem te ver no chão, sem nada, para terem assunto e poderem dizer "Viu? Eu sabia que ela é louca".
Querem que você duvide de você mesmo, da sua capacidade, da sua inteligência, da sua própria história.
Mas no fim, quem viveu fui eu e eu aprendi uma coisa: tudo precisa ser lembrado, para que eu possa me defender.
Me defendi, fugi, me apresentei e muita gente se afastou por pura vaidade.
O ego é o mal do século.
Engula seu ego porque, queira ou não, eu vou vencer.
Engula seu choro, segure seu B.O porque eu estava lá e sei o que aconteceu.
Eu vou vencer e você, pobre de espírito, não alcançará meus passos.
Mantenha-se longe de tudo o que te faz mal, mesmo que seja do seu próprio sangue.
Esse sangue não impediu que eu presenciasse o pior do ser humano.
O sangue não impediu que manipulasse a família contra mim.
Sou livre e viverei livre.
Enquanto eu respirar, eu lutarei.
Nem tente.
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