MAREMOTO
Cair em si, mergulhar em si, afogar-se.
Fui tão profundo e quase fui esmagada pela escuridão.
Rapidamente lançada ao espaço e quase fui engolida pela luz.
Nessa dança em espiral quase fiquei zonza.
Meus ouvidos zumbiram e meus olhos quase não mais viam.
Meus sentidos se embaralharam.
As hélices desse liquidificador de emoções me trouxe cortes.
Fui triturada em frente aos meus olhos.
Quantas dores vividas em muitas vidas.
Idas e vindas em vão.
Todos olham e ninguém vê.
Muitas partidas, muitas partições, muitas faces e aparições.
Um dia ensolarado que virou pó.
Tudo o que podia tocar se desfez sob meus dedos.
Nada era sólido e somente os meus batimentos ecoavam.
Fui convidada para a dança eterna e fui checar.
Meu parceiro de salsa preferiu não participar e recusei gentilmente a solenidade.
O maremoto reverbera em mim e treme as minhas estruturas.
Abalou minha vida, meus sentidos e sensações.
Tudo o que era não é mais.
Do velho, novo se fez.
Fui inundada e sobrevivi.
Morri afogada sob meus olhos marejados.
Velei velas já apagadas.
Segui pegadas levadas pelo vento.
Sigo e seguirei.
Como bússola nessa imensidão, trago meu coração.
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