PONHA-SE

 


Quando o sol se põe nada há de se opor.

As luzes caem aos poucos, dando margem à escuridão.

Numa sincronia de gentilezas em que sempre há quem cede.

Cedendo espaço de forma sedenta para acariciar a terra.

Luz e escuridão se contemplam alegremente.

Dividem e compartilham de modo incessante.

Insano é ver como a luz fica linda perto da escuridão.

E como a escuridão é plena sem a aparição da luz.

Os raios levam todas as vivências de uma breve brecha no tempo.

A fresta que nos ergue a enfrentar a batalha que existe e a que virá.

O acalanto na pele antes do arrepio.

A partida uníssona do astro.

A chegada silenciosa do satélite.

Do paraíso à escuridão.

Reluza.

Os brilhos diferem e brilham.

Quando se cruzam é evento.

Quando se afastam é vida.

Há brilho na noite.

Há sombra no dia.

Há calor no resfriamento.

Há sofrimento na calmaria.

O brilho através da brecha.

A fresta que raia o dia.

O sopro do frio meio ao sol do meio dia.

A noite se aproxima sutilmente.

Trazendo o sono e os sonhos.

Sonhe.

Deixa o pesadelo pra amanhã.

Largue pra lá.

Traga o brilho.

Brilhe e cegue se necessário for.

Feche seus olhos e espere.

Amanhã chega de novo.

Novas oportunidades.

De ser melhor ou não.

Diferente ou igual em vão.

Aprenda ou sofra.

Viva ou morra.

Escolha, mas o dia vem.

Escolha enquanto é noite e ninguém vê.

Brilhe se quiser viver.

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